Irlandeses farão a final da Heineken Cup

29-04-2012 20:25

O campeão da Copa Europeia de Rugby será irlandês! Ulster e Leinster, Belfast e Dublin, Irlanda do Norte e República da Irlanda. No dia 19 de maio, o estádio de Twickenham, em Londres, receberá um superduelo entre duas equipes irlandesas, que garantiram suas vagas em duas emocionantes partidas que agitaram o final de semana.

Na Irlanda, o Ulster venceu o Edinburgh, por 22 x 19, enquanto na França, Clermont e Leinster fizeram um dos mais emocionantes jogos não apenas da história da Heineken Cup, mas da história do rugby mundial. Agora, o Leinster defenderá seu título do ano passado e buscar sua terceira taça, enquanto o Ulster luta por seu segundo título, o que o igualaria a seus rivais irlandeses Leinster e Munster. Será o sexto título da Copa Europeia de Rugby para a Irlanda, que se igualará à Inglaterra como o país com o maior número de títulos, um acima da França.

Ulster volta à final da H Cup após 13 anos

Sem o All Black John Afora, mas com Stephen Ferris e apostando no jovem abertura Patrick Jackson, o Ulster confirmou seu leve favoritismo e derrotou o aguerrido time do Edinburgh na primeira semifinal da Heineken Cup. Pela primeira vez na história, um time escocês chegou à semifinal da maior competição europeia de clubes, e não facilitou em momento algum a vida do time norte-irlandês. No final, a festa foi alvirubra em Dublin, para o delírio dos mais de 50 mil torcedores presentes, que esperavam ansiosas o retorno do Ulster, campeão europeu de 1999, à grande final da competição.

O jogo começou muito com, com o Edinburgh conseguindo ótima escapadas, jogando um rugby aberto, em oposição à tradição escocesa. Mas foi o Ulster que primeiro pontuou, abrindo o placar aos 5', com penal do sul-africano Ruan Pienaar. A resposta do Edinburgh foi imediata, com seus forwards, liderados pelo poderoso fijiano Netani Talei, arrancando dois penais em sequência, para o abertura Greig Laidlaw virar o placar, 6 x 3, aos 11'.

Não tardou para o forte scrum irlandês capitalizar. Após formação fixa nas 22, o Ulster conseguiu empurrar os escoceses e anotar o primeiro try do jogo, com o sul-africano Wannenburg, aos 14', convertido por Pienaar. 10 x 6. Na sequência, por muito pouco o Edinburgh não deu uma resposta-relâmpago, passando muito perto de seu primeiro try, impedido pela defesa dos White Knights.

Atrás no placar, o Edinburgh foi para cima, e passou a controlar as ações, dominando o jogo territorialmente e garantindo a maior posse da bola. Aos 28', a situação ficou totalmente favorável aos visitantes, com o cartão amarelo recebido pelo fullback Terblanche. Aos 33', o scrum-half Mike Blair conseguiu armar grande jogada em velocidade, e por muito pouco os escoceses não somaram pontos. Apesar da indiscutível superioridade em campo, facilitada pelo homem a mais, o Edinburgh não foi capaz de capitalizar e, para piorar, cometeu um penal aos 37', para Pienaar ampliar a vantagem para o Ulster, apesar da inferioridade numérica. O Edinburgh sofreu do mesmo problema da Seleção Escocesa: a incapacidade de somar pontos nas horas mais necessárias. Somente no último lance, o Edinburgh somou 3 pontos com um penal bem arrematado por Laidlaw. 13 x 9 no intervalo.

No segundo tempo, os Gunners escoceses voltaram a campo melhores, e conseguiram novo penal aos 45', bem chutado por Laidlaw. 13 x 12, na hora certa. Porém, com o Edinburgh encostado no placar, o Ulster reagiu, e quase conseguiu uma boa resposta em bela jogada de sua linha, interrompida peloknock on. O Ulster passou a pressionar o Edinburgh em sua saída de bola, fechando os espaços na intermediária, e afestando o perigo com excelentes chutes táticos.

Aos 1', o Ulster conseguiu boa pressão nas 22, e obteve um penal. Ousado, o time de Belfast optou pelo chute para a lateral, apostando na superioridade de momento de seus forwards. Com um sensacional trabalho defensivo, o Edinburgh segurou o adversário em cima da linha de in goal, com Laidlaw recuperando a bola heroicamente, arrancando-a das mãos do segunda linha Sea Cox, pronto para fazer o try. Aos 57', a pressão dos White Knights foi premiada com um penal que Pienaar não desperdiçou, 16 x 12. Pouco depois, aos 62', a situação dos Gunners se complicou, com o Ulster conseguindo novo penal para Pienaar chutar com perfeição. 19 x 12, vantagem de um try convertido.

O Edinburgh voltou a atacar com perigo, mas deixou aberto o contra-ataque. Em grande lance de Paddy Wallace, o holandês Tim Visser salvou o time da capital da Escócia com tackle salvador. Com chutes táticos precisos e impedindo as infilitrações do adversário, o Ulster passou a controlar o jogo. Os escoceses buscaram o ataque de todas as formas no fim, mas a tensão da derrota iminente tomou conta da equipe, que cometeu erros fatais em todas as suas tentativas. O Ulster matou o jogo aos 74', com seu scrum arrancando um precioso penal, que Pienaar chutou para fazer 22 x 12.

Campeão da Heineken Cup em 1999, o Ulster retorna a decisão. Enquando seus rivais Munster e Leinster conquistaram seus bicampeonatos recentemente, os White Knights buscam o tão sonhado feito.

Leinster derrota Clermont em jogo com níveis épicos de dramaticidade

Leinster e Clermont fizeram um duelo colossal em Bordeaux, que tremer com a vibração da torcida francesa e com a forte presença dos torcedores irlandeses.

Os irlandeses começaram o duelo levemente superior, pressionando o Clermont. O cartão de visitas dos atuais campeões foi o impactante tackle de Brian O'Driscoll sobre Aurelien Rogerie, talismã contra talismã. A boa pressão do Leinster o premiou com os primeiros pontos, por meio de penal chutado por Sexton. A tentativa de resposta francesa veio pouco depois, com drop goal para fora do australiano Brock James.

O Clermont começou o confronto mais nervoso, com erros de passes, e concedendo ao Leinster muitosturnovers. Consciente do melhor momento inicial, o Leinster optou por chutar um penal para a lateral, aos 11', que poderia ter sido tranquilamente arrematado a gol. Para aliviar a pressão inciial do Leinster, o Clermont fez uso de seu jogo de chutes com James e Parra, mas ficou exposto ao sempre perigoso contra-ataque irlandês. Aos 13', Nacewae Kearney fizeram grande jogada, mas o All Black Sitiveni Sivivatu salvou o Clermont, que se safou do ataque agudo dos Blue Lions.

Os Jaunards se defenderam bem, e reponderam com um penal certeiro de James, aos 17'. Logo no primeiro quarto de jogo, o time da Auvérnia teve duas baixas importantes em sua temível linha: o centro Julien Malzieu e o fullback Lee Byrne saíram de campo lesionados, para as entradas do jovem Buttin e do neozelandês Regan King. Aos 19', a linha francesa fez grande jogada, puxada pelo brilhante Sivivatu, em dia inspirado. O Clermont pressionou, mas perdeu a bola por knock on. Pouco depois, o capitão azul Leo Cullen desferiu um soco no gerogiano Zirakashvili, e o árbitro inglês Wayne Barnes nada fez. Aos 24', os Vulcões franceses conseguiram nova grande jogada, com boa infiltração de James nas 22, mas o Leinster mostrou toda a qualidade de sua defesa, arrancando novo turnover.

Enquanto o Leinster se mostrava superior nos rucks, obtendo muitos turnovers, a superioridade nos laterais era do Clermont, com o escocês Nathan Hines e o canadense Jamie Cudmore muito bem no primeiro tempo nessa set piece. Aos 30', o melhor momento do time da casa foi premiado com penal que Brock James não desperdiçou, virando o placar, 6 x 3. Logo na sequência, no entanto, o time francês cometeu penal imperdoável, e Sexton deixou tudo igual, 6 x 6.

Todavia, o fim do primeiro tempo foi favorável ao Clermont, e o Leinster cedeu 2 penais em sequência, que o abertura australiano não perdoou. Clermont 12 x 6 Leinster no intervalo.

Se a primeira etapa se encerrou bem para os anfitriões, o segundo tempo começou fabuloso para os visitantes, e desastroso para os mandantes. Logo no primeiro ataque, o Leinster mostrou por que é o atual campeão europeu, e esboçou fazer contra o Clermont o mesmo que fez contra o Northampton Saints na última decisão da H Cup. Após brilhante jogada do fullback Rob Kearney nas 22, o pilar Cian Healy correu para o try azul. Com a conversão de Sexton, o Leinster virou o placar, 13 x 12.

Assustado, o Clermont foi para cima, mas não conseguiu penetrar na sólida defesa irlandesa. E o Leinster foi novamente ao ataque, com Rob Kearney se mostrando absolutamente decisivo, o homem do jogo. Aos 46', o fullback irlandês recebeu a bola na lateral da zona intermediária, e desferiu um monumental drop goal, ampliando a vantagem na hora certa, com muita inteligência. 16 x 12.

A resposta do Clermont não foi com a mesma precisão. James arriscou um drop goal de 50 metros, sem sucesso. E, aos 50', ele desperdiçou seu primeiro penal no jogo, em chute difícil. Porém, aos 52', o abertura aussie não titubeou no penal, e diminuiu a frente do Leinster para 1 ponto, 16 x 15. O jogo esquentou, e D'Arcy, do Leinster, cometeu um penal que poderia ter sido punido com amarelo, mas Barnes contemporizou.

Os campeões do ano passado voltaram a pressionar implacavelmente, arrancando turnovers e empurrando os franceses periogsamente para dentro das 22. Com a pressão total sobre os franceses, Kearney quase anotou o segundo try, mas Rougerie salvou na hora precisa os auvergnats. A boa sequência foi premiado com um penal, que Sexton não perdoou, 19 x 15.O Leinster seguiu melhor na partida, com maior posse de bola e território, controlando todo o segundo tempo. Aos 68', Sean O'Brien conseguiu nova boa infiltração, e na sequência do lance o Leinster obteve mais um penal. Sexton o arrematou a gol, mas a bola passou por cima do poste, e o TMO atestou bola fora. Aos 72', foi a vez de Eoin Reddan tentar o golpe final, mas seu drop goal foi muito ruim.

Mesmo com dificuldade em progredir em campo, o Clermont Auvergne buscou o ataque. Os 5 minutos finais foram de uma pressão colossal dos franceses, que enfim detiveram a posse da bola, com Parra conduzindo muito bem o ataque, em velocidade. O s Leões de Dublin se defenderam de todas as maneiras, mas a combinação de agudas jogadas da habilidosa linha e de fase com muita potência doscrum francês deixaram a equipe visitante acuada na linha de try, se defendendo heroicamente, sob o barulho ensurdecedor da torcida francesa.

Aos 78', a pressão clermontois surtiu efeito, e o centro Wesley Fofana rompeu a defesa azul e caiu para o try. Porém, o jogador largou a bola a milímetros de apoiá-la, e o TMO anulou o try. O desespero tomou conta do estádio, mas o scrum do Clermont, brilhantemente, a 30 segundos do fim, levou o scrumirlandês ao penal, e a pressão prosseguiu, com fases a 6 metros da meta. Num último suspiro, os dublinenses levaram os bravos guerreiros gauleses ao penal ofensivo, e a vitória foi dos celtas visitantes. 19 x 15, mais uma final de Heineken Cup para o Leinster, e decepção para o Clermont, privado de sua primeira e merecida final por conta de um infeliz detalhe.