FISIOTERAPIA: A Incidência de lesões no rugby

20-05-2011 08:37

 Felipe Simão Lapa é Fisioterapeuta da Seleção Brasileira de Rugby; Proprietário da Clínica CEFE, Pós Graduado em Ortopedia e Traumatologia e formação em Acupuntura, Iso-Stretching, Osteopatia, Pilates e RPG.

A incidência de lesões no Rugby, tem aumentado nos últimos anos devido às grandes exigências físicas e psíquicas que essa atividade exige. A prevenção de lesões é um tema fundamental na formação de todos os técnicos ligados a prática desportiva, assim como de todos os atletas.

Em um recente estudo brasileiro (2008) sobre lesões na prática do Rugby, houve um predomínio de lesões em MMII – membros inferiores com 36,5% do total de lesões (sendo 13% só no tornozelo e 11% nos joelhos), seguida de MMSS – membros superiores e tronco, com 24,6% das lesões (13% só no ombro) e 22% do total de lesões na região da cabeça. A situação que levou ao maior número de lesões foi o tackle (24,6%) do total de lesões, seguido do ruck (20,6%) e do scrum (16,7%).

Através de um estudo da IRB em 2006, que envolveu 263 539 jogadores, Yard e Comstock observaram que existe maior predisposição dos jogadores do sexo masculino (87%) e com idade superior a 18 anos de idade (86%). A diferença entre o sexo dos atletas é apontada por Gabbett (2003) pela maior taxa de lacerações e sub-luxações nos indivíduos do sexo masculino, caindo sobre a população feminina elevados índices de lesões no joelho, contusões, queimaduras abrasivas, lesões musculares e fraturas.

Os fowards tem uma incidência muito maior de lesões em relação aos três-quartos (3/4), (Holtzhausen et al.,2006) sendo as lacerações e as lesões do complexo articular do ombro e coluna cervical, as lesões mais frequentes dos fowards. Num total de 740 horas de jogo e mais de 4900 horas de treino referem que a incidência de lesões está de 55,4 lesões para cada 1000 horas de jogo, enquanto temos 4,3 lesões para cada 1000 horas de treino. As lesões mais comuns nesta prova foram os entorses, perfazendo um total de 25,8% do total das lesões, seguido pelas lesões musculares com 24,2% do total.

Segundo o local da lesão, estes mesmos autores referem a pélvis com 19,3%, a cabeça e o joelho com uma percentagem de 12,9% cada, o ombro com 6,5% e a cervical com 4,8%. Referem ainda que as lesões de treino perfizeram 34% do total das lesões durante o torneio, e as lesões crônicas por overuse cerca de 9,7% do total das lesões.

Para os fowards, nos treinos temos um total de 2.0 lesões por cada 1000 horas de treino por jogador (Brooks, et al., 2005), sendo as principais: lesão a nível lombar / lesão das raízes nervosas com um total de 840 dias de ausência, subluxação / instabilidade do ombro com 491 dias de ausência e a lesão dos Isquiotibiais com 478 dias de ausência.
Nos que jogam nos três/quartos as lesões musculares dos Isquiotibiais em jogos (Brooks, et al., 2005a) são a lesão que obriga a um maior total de dias de ausência com 502 dias, seguido pela lesão do ligamento cruzado anterior com 489 dias de ausência, subluxação / instabilidade do ombro com 296 dias de ausência.

Segundo Joene Hendry , a maior proporção dessas lesões (fraturas, contusões e rompimento dos ligamentos) acontece quando os jogadores são derrubados (31%) ou derrubavam (29%) a outros jogadores.

O período do jogo que levou ao maior número de lesões foi o 2º tempo, com 55,6% do total, contra 34,9% das lesões do 1º tempo. Os atacantes foram mais freqüentemente lesionados (58,7%) quando comparados aos defensores (41,3%).
A incidência de lesões traumáticas no Rugby amador no Brasil mostrou-se extremamente alta, caracterizando grande diferença quando comparada à incidência de lesões em outros países, sugerindo-se que isso talvez se deva ao insuficiente preparo físico dos jogadores amadores brasileiros.

Sendo assim, a preparação física adequada, a aprendizagem das técnicas corretas, o uso do equipamento de proteção correspondente e o monitoramento contínuo, ajudam a fazer do Rugby um esporte mais seguro possível.

Dessa maneira, discutiremos nos próximos encontros os principais distúrbios musculoesqueléticos que podem afetar os praticantes de Rugby, mostrando as perspectivas de um tratamento fisioterapêutico que atenda as especificidades atribuídas a cada lesão e como minimizar seus efeitos.

Até a próxima !!!

Felipe Simão Lapa
Fisioterapeuta – Crefito: 3 / 30409-F
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Tel: (11) 4692-1807 e (11) 7121-2102

 

Fonte: Rugby Spirit