Entenda a Nova Zelândia
A Copa do Mundo de Rugby de 2011 será na Nova Zelândia, o "país do rugby", ex-ccolônia britânica, terra dos All Blacks, do haka, dos maoris. Mas o quanto você sabe sobre a Nova Zelândia? O Blog do Rugby preparou um resumão sobre a história da Nova Zelândia. Não será feita aqui uma história cultural, mas apenas uma sucessão de fatos políticos que dão base para quem quiser se aprofundar em outros campos da história do país. No fim, trazemos um breve panorama da geografia e natureza do país. A dica é: ler e pesquisar mais.
A formação da Nova Zelândia Trabalhos arqueológicos mais recentes sugerem que a chegado do homem nas ilhas da Nova Zelândia teria se dado no século XIII, com colonos chegando das demais ilhas da Polinésia. Quando os europeus chegaram à Nova Zelândia, as tribos Maoris dominavam as ilhas principais, enquanto os Moriori habitavam as ilhas Chatham, a leste do arquipélago principal. No entanto, o quadro era diferente nos primeiros séculos. Os grupos da Polinésia Oritental que migraram para a chamada Polinésia Meridional (Nova Zelândia) encontraram condições ambientais diferenciadas na Nova Zelândia (grandes porções de terra, diferentes das ilhas de coral da Polinésia, grandes aves para a caça, como a gigante moa, semehante ao avestruz, pesca abundante de animais grandes, zonas agrícolas férteis, etc) que, somadas ao relativo isolamento, formaram gradativamente novos sistemas culturais. Entre os séculos XIV e XVI, a cultura Moriori foi desmantelada pela cultura maori, dando origem ao quadro humano encontrado pelos europeus no século XVII, com as ilhas principais habitadas (Aotearoa) pelos Maoris (concentrados sobretudo na Ilha do Norte) e com os Moriori restringidos às frias Ilhas Chatham, vivendo no nomadismo, pela impossibilidade da agricultura local. Os Maoris deselvolveram uma forte cultura de guerra, com as federações tribais (iwis), em guerras constantes. Alguns historiadores e arqueólogos vão mais além, atribuindo aos maoris uma relação imperial sobre outras ilhas da Polinésia, sobretudo Ilhas Cook, Niue e Tokelau (ainda hoje possessões da Nova Zelândia). Apesar de debates sobre a possível chegada dos chineses e outros povos navegadores da Ásia à Nova Zelândia, foi a chegada dos europeus que modificou profundamente a história do arquipélago. Em 1642, o arquipélago foi avistado por Abel Tasman, almirante holandês, que batizou as ilhas com o nome de uma região da Holanda, a Zelândia. Viagens oficiais documentadas de europeus à região só retornaram em 1769, quando o britânico James Cook visitou o arquipélago. A partir de então, viajantes, negociadores, comerciantes, caçadores, pescadores e religiosos passaram a visitar com frequência a Nova Zelândia. Os europeus introduziram novos alimentos, como a batata (que revolucionou a agricultura local) e as armas de fogo, vendendo-as aos maoris. Foi justamente a chegada das armas de fogo que levou a um banho de sangue. Munidos de novos arsenais, as guerras tribais se tornaram catastróficas na década de 1801 a 1840. Foram as chamadas Guerras dos Mosquetes, que alguns historiadores chamam de Guerras das Batatas, já que a facilidade de se estocar batatas propiciou guerras mais duradouras. As guerras, somadas às novas doenças trazidas pelos europeus, levaram à redução da população maori para cerca de 40% do que fora no século XVIII. Desde o início do século XIX, Inglaterra e França esboçaram interesse pela região. Em 1833, com notícias da chegada de franceses na Nova Zelândia, o rei britânico Guilherme IV apontou James Busby como "Residente Britânico na Nova Zelândia". Em 1839, Busby reuniu chefes maoris para a assinatura da "Declaração de Independência da Nova Zelândia", com a criação das "Tribos Unidas da Nova Zelândia", uma federação maori sob tutela britânica, com o objetivo de impedir a França e seus missionários católicos de se apoderarem das ilhas. Em 1840, a suposta independência foi anulada, com a assinatura do Tratado de Waitangi, com os maoris reconhecendo a Nova Zelândia como um protetorado da Coroa Britânica. O tratado foi influenciado pela Companhia da Nova Zelândia (New Zealand Company), fundada em 1837, com o objetivo de estimular a exploração econômica da Nova Zelândia e a colonização sistemática da região por colonos britânicos, sob as ideias de Edward Gibbon Wakefield, tory inglês que vislumbrava na Nova Zelândia, por suas características naturais, o lugar para a criação de uma sociedade britânica idealizada, rural e livre das mazelas da sociedade industrial. A partir de 1840, os assentamentos britânicos começaram a ser feitos por todo o país. O Tratado de Waitangi, contudo, resguardava direitos sobre a terra para os maoris, e a entrada dos europeus gerou uma série de conflitos entre as partes. Em 1841, a Nova Zelândia foi desmembrada de Nova Gales do Sul, colônia da Austrália à qual a administração da Nova Zelândia estava ligada. Em 1852, a Nova Zelândia ganhou um governo representativo, com representantes das seis províncias criadas e, em 1854, foi criado o Parlamento da Nova Zelândia. Dentro das províncias, foram criados distritos maoris, auto-governados. As tensões entre europeus e maoris levaram às Guerras da Nova Zelândia, entre 1845 e 1972. Em 1850, teve início um movimento monárquico maori, que estabelecia uma monarquia unificada maori, como parte da resistência à colonização. A guerra terminou com a vitória inglesa e o confisco de grandes extensões de terras maoris. Durante a guerra, o Parlamento votou favoravelmente a uma lei que garantia a cidadania britânica aos maoris e, em 1862, foi garantido o direito ao voto e a representação maori no Parlamento, ainda que de forma desproporcional com relação à sua população. Em 1867, a legislação neozelandesa acabou com a separação da politica maori e da europeia, com os maoris tendo livre participação na política colonial. Apesar das concessões, ao longo do século XX e ainda nos dias presentes, os direitos dos maoris sobre terras ainda são um problema presente nas discussões da vida política do país. A monarquia maori existe até hoje. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país do mundo a conceder o direito a voto para as mulheres. Quanto à imigração europeia,, a maior parte dos colonos de origem inglesa e galesa, sendo na maioria anglicanos, com uma minoria escocesa, devota da Igreja Livre da Escócia, que migrou para o sul do país. Desde cedo, a Nova Zelândia também recebeu muitos colonos do Leste Europeu, dos Estados Unidos, da Índia e da China. Em 1901, a Nova Zelândia votou contra sua união à Austrália, que acaba de unificar suas colônias sob um único governo. Em 1907, a Nova Zelândia teve seu status político dentro do Império Britânico promovido de colônia para domínio, sendo igualada em autonomia à Austrália e ao Canadá. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Nova Zelândia forneceu nada menos que 100,000 homens ao exército britânico, Mais de 16,000 soldados neozelandeses pereceram na guerra. Dentre as principais operações dos militares neozelandeses está a tomada de Samoa, ex-colônia alemã, permanecendo sob admnistração neozelandesa atpe 1962, ano da independência samoana. A guerra e as mortes de soldados neozelandeses, australianos e canadenses levaram à Conferência Imperial de 1926, na qual a Coroa Britânica concedeu o autogoverno a tais países. Em 1931, com o Estatuto de Westminster dando efeito à autonomia. A Nova Zelândia também contribuiu na Segunda Guerra Mundial, com 120,000 homens servindo. A Nova Zelândia teve garantido seu direito de declarar ou não guerra ao Eixo. Em 1947, o último passo para a independência do país foi dado, com o Ato de Adoção do Estatuto de Westminster, realizando alterações na constituição neozelandesa. O Ato deu plena independência ao Parlamento, e separou a Monarquia da Nova Zelândia da Monarquia Britânica. O que significa que a Nova Zelândia se tornou uma monarquia à parte, ainda que com o mesmo monarca do Reino Unido. O que significa? A pessoa que assume o título de Rei ou a Rainha da Inglaterra é também Rei ou Rainha da Nova Zelândia, mas os Estados e as instituições são separadas. Assim, a Nova Zelândia ainda faz parte da Commonwealth of Nations, a comunidade de nações ligadas pelas monarquia britânica, e a bandeira do Reino Unido nunca foi retirada da bandeira da Nova Zelândia. Esta é pois a data de independência do país. Por outro lado, tais questões ainda geram muito debate na Nova Zelândia, sobretudo da parte de maoris e de republicanos. Bibliografia: BYRNES. G. (ed.) The New Oxford History of New Zealand.Oxford: Oxford University Press, 2009. Área: 268.680 km² Capital: Wellington População: 4,393,500 habitantes (estimativa de 2010) Moeda: Dólar Neozelandês Geografia e biodiversidade A Nova Zelândia é formada por duas ilhas principais: a Ilha do Norte e a Ilha do Sul, cercadas por uma infinidade de pequenas ilhas. A maior das menores é a Ilha Stewart, no sul. A leste, a 800 km das ilhas principais, estão as Ilhas Chatham, região habitada mais distante do país. A Ilha Sul é a maior massa de terra e está dividida ao longo do seu comprimento pelos Alpes do Sul, cujo maior pico é o Monte Cook com 3.754 metros. Na Ilha Sul há dezoito picos com mais de 3.000 metros de altitude. A Ilha Norte é menos montanhosa do que a Sul mas está marcada por vulcanismo. Na Ilha Norte, a montanha mais alta, Ruapehu (2.797 metros) é um cone vulcânico activo. O clima é ameno, com temperaturas raramente inferiores a 0 °C ou superiores a 30 °C. Devido ao seu isolamento relativo, a Nova Zelândia desenvolveu um ecossistema único, cuja característica mais distinta consistia na ausência, até à colonização polinésia, de quaisquer mamíferos terrestres, à excepção de três espécies de morcegos. Muitos dos nichos ecológicos que normalmente teriam sido ocupados por mamíferos eram ocupados por aves, incluindo o kiwi e a moa, ambos incapazes de voar. As moas, agora extintas, podiam crescer até uma altura de três metros. O kiwi e a Cyathea dealbata (Silver Fern), característicos das florestas nativas deste país são símbolos nacionais. Outra ave endêmica que não voa é o kakapo, um papagaio. A Nova Zelândia é também a residência do tuatara, uma espécie antiga de réptil, e do weta, um inseto que pode atingir mais de oito centímetros de comprimento. Fonte: Blog do Rugby